Para acabar com o temor
da morte, Epicuro defende a ideia da morte como sendo o nada. A dor e o
sofrimento residem nas sensações, na vida como fardo, e se a morte é o total
aniquilamento do "viver", o sábio de nada tem a temer. A lógica é que
se é a vida e as sensações que causam o sofrimento do indivíduo, a morte
existiria para cessar as sensações, ser o nada, a privação total. Portanto,
inadmissível aceitar que ocorreria sofrimento, pois a morte ocasionaria o extermínio
das sensações.
Compreensão dos desejos
É necessário
compreender a distinção entre os desejos naturais e desejos inúteis, infundados
ou também chamados de frívolos. Para Epicuro, o desejo se origina da uma falta,
que pode partir da natureza (desejo natural) ou de uma opinião falsa (desejo
frívolo). Os desejos podem ser divididos em:
Desejos naturais e
necessários: são os desejos que livram o corpo da dor da fome e da sede;
Desejos naturais e não
necessários: são os desejos que surgem da vontade de variar, por exemplo, o
alimento ou a bebida para variar também o prazer do corpo;
Desejos não naturais e
não necessários: são os que nascem de uma opinião falsa sobre o mundo,
incentivados por sentimentos de vaidade, orgulho ou inveja.
Epicuro tem uma
finalidade concreta: a eliminação das dores e a busca dos prazeres, o sábio
deveria desejar os objetos simples e naturais e saber que, por ser imperfeito, sentirá
dor, inevitavelmente.
O sábio é, portanto,
aquele que toma consciência da própria existência e destino, não aceitando o
determinismo de nenhum deus. Para ele, o importante na busca é a saúde física e
a serenidade interior, ocasionadas pela escolha de quais desejos deverão ser
saciados. A felicidade reside, então, na saúde do corpo e da alma, que não pode
ser entendida, obviamente, como metafísica, mas parte fundamental da própria
existência corpórea. Ser feliz é ter pleno domínio destes prazeres, o que pode
ser alcançado com a compreensão da natureza dos deuses, da morte e dos desejos.
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