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quarta-feira, 31 de julho de 2013

AS TRÊS ESPÉCIES DE AMIZADE EM ARISTÓTELES

Segundo Aristóteles

Formas em relação aos amigos?”
As amizades podem ser classificadas, conforme o discípulo de Platão, em três tipos distintos. Essas espécies de amizade fazem referência às qualidades que as fundamentam. Elas são: 1) a amizade segundo o prazer, 2) a amizade segundo a utilidade e 3) a amizade segundo a virtude, ou a amizade perfeita.

Aqueles que fundamentam sua amizade sobre o prazer o fazem por causa daquilo que é agradável em um para o outro. Pessoas espirituosas, por exemplo, têm muitas amizades não por causa do seu caráter, mas sim devido ao prazer que podem proporcionar umas às outras.

A amizade segundo a utilidade é estabelecida pelo bem que uma pessoa pode receber da outra. Mais uma vez, as pessoas envolvidas neste tipo de relação não se amam por causa do seu caráter, mas sim devido a uma utilidade recíproca.

Já a amizade segundo a virtude só pode se estabelecer entre os homens que são “bons e semelhantes na virtude, pois tais pessoas desejam o bem um ao outro de modo idêntico, e são bons em si mesmos.”. Como estes homens são raros, amizades assim também são raras.

Tanto a amizade segundo o prazer quanto a amizade segundo a utilidade são geralmente efêmeras, passageiras, se desfazendo facilmente. Isso ocorre quase sempre se uma das partes não permanece como era no início da amizade, isso é, se deixa de ser útil ou agradável. Por essa razão, “quando desaparece o motivo da amizade, esta se desfaz, pois existia apenas como um meio para se chegar a um fim.”.

Deparamo-nos com este tipo de amizade em quase todos os períodos de nossa vida. Ao nos lembrarmos das relações que mantínhamos na escola, por exemplo, podemos identificar facilmente quantas e quais não foram as amizades que estabelecemos segundo o prazer. As chamadas pessoas espirituosas, isso é, aquelas pessoas chistosas, cheias de vivacidade e de graça, mantêm quase sempre um amplo círculo de amizade. Mas isso não se deve ao que são em si mesmas, e nem por causa do seu caráter, mas apenas por causa do prazer que podem proporcionar aos outros.

As amizades segundo a utilidade são também de natureza semelhante. Podemos identificá-la, por exemplo, nas relações de trabalho entre os funcionários de um escritório. Ou então quando temos uma equipe ou um grupo que luta por um objetivo ou por um bem comum. Essas pessoas, neste caso, não se amam e não desejam a companhia umas das outras por si mesmas, mas mantêm uma relação de amizade porque isso resultará em um bem para si próprias.

Mas a amizade segundo a virtude, ou a amizade perfeita, como a chama Aristóteles, é perfeita “tanto no que se refere à duração quanto a todos os outros aspectos, e nela cada um recebe do outro, em todos os sentidos, o mesmo que dá, ou algo de semelhante.”.

Neste tipo de amizade, as pessoas querem o bem uma da outra. Esses homens que são assim amigos buscam verdadeiramente o bem do seu semelhante, e isso pelo simples fato de serem bons. Eles “serão amigos por si mesmos, isto é, por causa de sua bondade.”.


Os homens maus têm amizades apenas segundo o prazer ou a utilidade, nunca podendo ter uma relação virtuosa, ou uma amizade perfeita. No entanto, os homens bons, por sua vez, podem estabelecer relações segundo o prazer ou a utilidade, assim como os maus. Mas apenas os bons podem estabelecer uma amizade segundo a virtude. Neste sentido, fica clara a correspondência entre ética e amizade.

terça-feira, 9 de julho de 2013

LEGIAO URBANA - INDIOS

                         Índios
(Renato Russo)

Quem me dera ao menos uma vez
Ter de volta todo o ouro que entreguei a quem
Conseguiu me convencer que era prova de amizade
Se alguém levasse embora até o que eu não tinha.

Quem me dera ao menos uma vez
Esquecer que acreditei que era por brincadeira
Que se cortava sempre um pano-de-chão
De linho nobre e pura seda.

Quem me dera ao menos uma vez
Explicar o que ninguém consegue entender
Que o que aconteceu ainda está por vir
E o futuro não é mais como era antigamente.

Quem me dera ao menos uma vez
Provar que quem tem mais do que precisa ter
Quase sempre se convence que não tem o bastante
Fala demais por não ter nada a dizer.

Quem me dera ao menos uma vez
Que o mais simples fosse visto
Como o mais importante
Mas nos deram espelhos e vimos um mundo doente.

Quem me dera ao menos uma vez
Entender como um só Deus ao mesmo tempo é três
E se esse mesmo Deus foi morto por vocês
É só maldade, então, deixar um Deus tão triste.

Eu quis o perigo e até sangrei sozinho
Entenda
Assim pude trazer você de volta pra mim
Quando descobri que é sempre só você
Que me entende do início ao fim.

E é só você que tem a cura pro meu vício
De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.

Quem me dera ao menos uma vez
Acreditar por um instante em tudo que existe
E acreditar que o mundo é perfeito
E que todas as pessoas são felizes.

Quem me dera ao menos uma vez
Fazer com que o mundo saiba que seu nome
Está em tudo e mesmo assim
Ninguém lhe diz ao menos obrigado.

Quem me dera ao menos uma vez
Como a mais bela tribo
Dos mais belos índios
Não ser atacado por ser inocente.

Eu quis o perigo e até sangrei sozinho
Entenda
Assim pude trazer você de volta pra mim
Quando descobri que é sempre só você
Que me entende do início ao fim.

E é só você que tem a cura pro meu vício
De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.

Nos deram espelhos e vimos um mundo doente
Tentei chorar e não consegui.


* O próprio sobrenome artístico "Russo", de Renato Russo, foi tomado de empréstimo de Jean-Jacques Rousseau, entre outros, revelando a afinidade que tinha Renato com o pensamento deste filósofo.

Explicação Sobre a morte de Deus Segundo Nietzsche





A "morte de Deus" não deve ser entendida como uma blasfêmia ou uma afronta gratuita proferida por Nietzsche, como pensam muitos religiosos. Ela é uma constatação de uma situação histórica do pensamento ocidental, e seu sentido é bem diferente daquele lhe atribui a populaça.

Heidegger, citado por Reale (1995, p. 24), afirma que.
"enquanto entendermos a expressão 'Deus está morto' apenas como a fórmula da descrença, só estaremos pensando no modo teológico-apologético, renunciando ao objetivo do pensamento de Nietzsche, ou seja, à reflexão que tende a pensar o que já aconteceu à verdade do mundo suprassensível e à sua relação com o mundo sensível."

E Reale (Ibid.) conclui: "A 'morte de Deus', portanto, significa o desaparecimento da dimensão da transcendência, a anulação total dos valores ligados a ela, a perda de todos os ideais.”.


REFERÊNCIAS:

REALE, Giovanni. O saber dos antigos - terapia para os tempos atuais. São Paulo: Edições Loyola, 1995.

Pequena Explicação

 




Para quem não conhece a história, se faz necessário um breve comentário sobre Zaratustra, para posteriormente adentrarmos a obra de Nietzsche.
Zaratustra, na versão grega Zoroastro, foi um profeta nascido na Pérsia em meados do século VII a.C. Foi o fundador do Zoroastrismo, religião adotada oficialmente pelos Aquemênidas (558 ? 330 a.C). Segundo a dominação grega, seu nome significa contemplador de astros.
Na doutrina de Zaratustra, antes da criação do mundo, reinavam dois espíritos antagônicos: os do Bem (Ahura Mazda, Spenta Mainyu, ou Ormuz) e do Mal (Angra Mainyu ou Arimã). A luta entre Bem e Mal origina todas as alternativas da vida do universo e da humanidade.
Como figura central da obra de Nietzsche, Zaratustra procura aproximação com os homens em todos os níveis sociais e comprova fracassos, desilusão e humilhação. Observa que em todos os casos, é inexistente o sorrir, o dançar o ver a própria alma, e Zaratustra com isso, faz opção pela companhia dos animais para prosseguir sua busca pelo verdadeiro homem.
Nesse trabalho, narrando as andanças e ensinamentos de um filósofo, que se autonomeou Zaratustra após a fundação do Zoroastrismo na antiga Pérsia, o autor explorar suas ideias de forma poética e fictícia, satirizando o Novo testamento.
Nietzsche ressaltar as necessidades de mudança na sociedade e no homem, que ao longo do tempo foram se desgastando pela maldade humana. O autor faz uso de metáforas para abordar temas das transmutações de valores para erradicação dos males sociais, libertação do homem em busca do verdadeiro homem ou super-homem.
Nessa obra nos leva a refletir sobre o passado, nosso presente e sobre o que pretendermos ser no futuro.
Com grande maleabilidade, as histórias em Zaratustra podem ser lidas em qualquer ordem, sem prejuízo de interpretações, pois são postas em episódios.

Em todos os episódios nos deparamos com grandes reflexões. Elencaremos alguns, a título ilustrativo, respeitando criteriosamente os escritos do autor.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

FÉ E RAZÃO





A religião trata a filosofia como a ciência do contrassenso e da incredulidade, e a filosofia, por sua vez, denuncia que a religião é a única detentora da verdade, além de ser preconceituosa desatualizada e intransigente.
               

                E         
         RAZÃO

O que se conclui após esse embate entre a fé e a razão, a filosofia e a igreja, é que a verdade com certeza não se encontra na posse de nenhuma das duas doutrinas, mas é uma conquista progressiva do conhecimento científico, aliado ao saber religioso.

REFLEXÃO


De todas as paixões baixas, o medo é a mais amaldiçoada.








William Shakespeare