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sábado, 31 de janeiro de 2015

COMO CONHECER AS PESSOAS?




Para melhor conhecer as pessoas, o primeiro passo, e o mais importante, consiste em não usar a si mesmo como padrão de valor ou referência.
Para conhecer bem o outro, não é útil refletir assim: "eu no lugar dele agiria dessa ou daquela forma". Cada mente é única, não comparável.
Quem compreender que cada pessoa é única terá que lançar mão de outros recursos que não a introspecção para conhecer direito o interlocutor.
Para conhecer com objetividade uma pessoa é conveniente prestar atenção aos seus gestos, atos, à forma como reage em determinadas situações.
Uma pessoa se deixa conhecer pelo tipo de humor que aprecia, pelos trejeitos faciais, por suas reações quando contrariada, magoada, agredida.
Em determinadas situações podemos conhecer um pouco dos genuínos sentimentos de uma pessoa: se é empática, solidária, se sente culpa genuína.

Quem consegue olhar o outro de forma isenta funciona como um "hacker": tenta entrar em sua mente para saber como ela efetivamente funciona!

Gykovate.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

PORQUE OS GRANDES PENSADORES ACABARAM, TRISTES, NA SOLIDÃO DA VIDA? SERÁ QUE CONHECER A VERDADE NOS LEVA A ISSO?


NA SOLIDÃO, TRISTE E DESILUDIDO: A MORTE DOS GRANDES PENSADORES EM MEIA DÚZIA DE TRISTES FINS. 
“A solidão é o destino de todos os grandes espíritos”, diria Schopenhauer. Também a desilusão, a tristeza, o sofrimento. Muita inteligência e acurada visão de mundo não são, definitivamente, caronas para a felicidade. Certamente o “contrário, a ignorância, tem mais facilidade em puxar a carroça”.


Olhando para a história, são poucos os grandes pensadores que chegaram ao fim da vida ainda com esperanças, compartilhando felicidade entre os seus. Talvez Platão aos 80, ou Sócrates, resignado, sorvendo a cicuta. Talvez os filósofos cristãos esperando o paraíso. Kant aos 79, sem nem ligar para isso, na demência do Alzheimer. Mas são estes exceções. No oposto, são muitos os exemplos de suicídios, depressões, desilusões entre os grandes de todos os tempos: desde Heráclito, o obscuro, ermitão misantropo, Aristóteles banido de Atenas, Giordano Bruno nas chamas da fogueira, Maquiavel lambendo botas, Descartes fugindo de todos, Hobbes, o irmão gêmeo do medo, Schopenhauer na depressão, Cioran na amargura, Deleuze pulando pela janela...
Abaixo, meia dúzia de tristes e desiludidos fins de grandes pensadores:
Sigmund Freud (1856 – 1939)
Em 1938, Freud deixou Viena para refugiar-se em Londres, após a ocupação nazista da Áustria. Morreria no ano seguinte, aos 83, triste e desencantado, desiludido com a civilização, lutando a sua última guerra, carcomido pelo câncer. Freud deixou para trás os amigos, os filhos e os interlocutores. Foi para Londres com a mulher e a filha, Anna, com as quais compartilhou a solidão, quase sem falar, devido à doença que lhe desgraçou o palato, a laringe, a boca. O cachorro o abandonou devido ao mau cheiro do câncer, que lhe confundia o faro. A solidão só não foi absoluta porque Anna Freud, com um amor quase materno pelo pai – amor de Electra, com o perdão do mau uso da expressão –, ficou ao lado dele até o último suspiro, embriagado de morfina. As quatro irmãs seriam executadas em campos de concentração, embora ele não estivesse vivo para saber disso.
Friedrich Nietzsche (1844 – 1900)
A inteligência foi uma maldição para Nietzsche. Rejeitado desde a infância, cercado de beatas melancólicas, jovem taciturno e solitário, adulto fracassado, doente, incompreendido. Atormentado, pensou coisas “além do bem e do mal”, colocou a inteligência no papel, escreveu  muito, aforismos, poemas filosóficos de causar aneurismas, publicou em vida, mas não foi lido. Ninguém entendeu, ninguém quis. Como seu Zaratustra isolou-se em si, na arrogância de seu super, além do homem. Esmagado por enxaquecas terríveis, perdendo a visão e a sanidade, pendulou de um lugar a outro procurando a paz no mundo, em diferentes paisagens bucólicas, sabendo que a guerra era interna. Enfim, triste, abandonado por todos e por si mesmo, encontrou-se na Itália, hóspede de um simples quarto com catre e cadeira, banheiro coletivo no corredor. Um dia, os pensamentos fincando como alfinetes, vislumbres como cortes de navalha, escutou um cavalo sendo açoitado na rua. Brados enraivecidos contra o indefeso animal, o chicote estalando, sangue e relinchos para todo lado. Os transeuntes ocupados sem perceber a cena, cada um preso em suas mesquinhas responsabilidades. Nietzsche rompeu à rua, em desespero atroz, rangendo os dentes na direção do açoite, rosnando blasfêmias contra o algoz. Era o fim do maior filósofo desde Kant: abraçado ao cavalo, chorando, chorando, chorando seu desespero. Enfim, desmaiou para nunca mais. Quando acordou era um nada, um catatônico Nietzsche sem frases inteligíveis, olhar parado, babando. Morreu uma década depois, sob  cuidados da irmã, Elizabeth Förster-Nietzsche, aquela que não lhe compartilhou da inteligência e que, por falta dela, serviu para a terrível interpretação de Nietzsche pelo Nazismo.

Karl Marx (1818 – 1883)
O jovem Marx se casou com uma moça de estirpe, aristocrata, Jenny von Westphalen, e com ela teve sete filhos. Deles a quase metade chegou à vida adulta, as três meninas, os outros morreram na tenra infância levados pela miséria. Fugindo da repressão a família Marx deixou a Alemanha, depois a França e  a Bélgica, para enfim se instalar no Soho, em Londres. À época o bairro mais ralé, mais imundo e pobre, onde se podia pagar mais barato. Anos luz das galerias de arte, lojinhas de bibelôs e pubs encervejados que hoje dominam o Soho. Marx passou uma  década afundado na miséria, afundando mais ainda a família no desespero porque se recusava a trabalhar em qualquer função que não fosse intelectual. Enfim, a herança dos Westphalen os alcançou e trouxe o sossego econômico da ironia: Marx que pregava o fim do direito à herança , foi socorrido pela parte que cabia à sua mulher. Mas a tranquilidade do dinheiro chegou tarde, acompanhada da doença que a definhou a olhos vistos. As filhas tomaram seus rumos, ficaram os velhos subversivos na companhia dos charutos de Karl e dos remédios de Jenny. Quando ela morreu, sobrou o velho barbudo, cercado de papéis e anotações, tomado de furúnculos, custando a respirar pelos problemas que o fumo entupiu nos pulmões, afundado na solidão e na paranoia, vendo inimigos brotando de todas as sombras. Quando seu cadáver foi encontrado, caído na mesa de trabalho, segurando a pena cheia de tinta, estava irreconhecível, seco, rachado, triste. Em nada lembrava o semblante revolucionário que ilustrou panfletos ao longo do século XX. Das três filhas que chegaram à vida adulta, duas se suicidaram após a morte do pai, do mesmo jeito, por injeções de veneno nas veias.
Michel Foucault (1926 – 1984)
Foucault viveu duas vidas: a da superfície – de aparências, desde a juventude católica ao estrelato acadêmico – e a das profundezas – do submundo, desde o ódio ao pai aos guetos de drogas e inferninhos sadomasô. Na superfície, Michel Foucault foi brilhante, talvez o mais prodigioso pensador da filosofia contemporânea, publicou vários livros, tornou-se referência obrigatória para estudantes de filosofia, história, sociologia, política, psicologia e quaisquer outras ciências humanas. Bibliografia obrigatória em qualquer biblioteca de qualquer universidade do mundo. Um pensamento forte, organizado, profundo, arqueológico, incontornável. Contudo, foi a outra vida que lhe assombrou a existência. Escondido atrás da máscara, Foucault precisava se esgueirar pelas esquinas, pelas sombras do submundo para encontrar a si mesmo. Descendo as escadas, baixando os níveis, o pensador se transformava em outro, degenerado, usuário de drogas, faminto sexual em encontros casuais com estranhas criaturas da noite, ele mesmo uma delas. “Experiências-limite” entre o mais radical erotismo e o flerte com a morte, com o perigo do encontro com os estranhos, e mais assustador, consigo mesmo. Encontrou-se, divertiu-se, viveu os extremos, viu a si pelas gretas, entregou-se. Pegou o mal da época pela veia do desejo, definhou pela AIDS nos anos seguintes, atormentado pelas escolhas que lhe dividiram a vida e o pensamento.


Max Weber (1864 – 1920)
A depressão acompanhou Weber por toda a vida. Teve pelo menos dois grandes colapsos: o primeiro, na virada do século XIX para o XX, o afastou da academia, do trabalho, de casa (rico quando tem depressão viaja); o segundo o levou a vida, precipitando em meses a pneumonia que lhe foi fatal. De família burguesa abastada, Max Weber foi intelectual por vocação, conforme ele mesmo descreveria em um dos seus clássicos: “A Ciência como Vocação”. Produziu muito, estudou demais, tudo, da religião à música. Escreveu, enfim, uma das maiores obras já publicadas, “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”, na qual virou a sociologia ao avesso ao romper com o ranço marxista e contrariar, ao mesmo tempo, os cânones do positivismo francês. Também foi um homem público atuante, inclusive como conselheiro alemão no ultrajante Tratado de Versalhes, diante da derrota na Primeira Guerra, cargo de mãos e inteligência atadas, trauma que o atormentou de culpa até a morte. Na guerra tinha sido oficial em hospitais militares, vendo de perto o horror na forma de estropiados, desfigurados, mutilados e cadáveres; na derrota carregou o fardo de acompanhar a assinatura do tratado de rendição mais humilhante da história. Nunca se recuperou. Voltou às pesquisas, às conferências, às salas de aula, revisou e reeditou suas grandes obras, lutou mais um tempo, mas enfim, resignado, “crítico e resignado”, entregou os pontos. Teve o segundo colapso, afundou-se em depressão, não suportou a falta de sentido, o “desencanto do mundo”. Adoeceu, desiludido, entregue à pneumonia que lhe quebrou a rija crosta de aço.
 Walter Benjamin (1892 – 1940)
Vítima do pessimismo, da má sorte e da ignorância Nazista, Walter Benjamin foi um dos mais brilhantes e promissores filósofos da Escola de Frankfurt, considerado por muitos o melhor de todos por lá. Erudito, articulado, multifacetado, Benjamin era uma mistura de filósofo, escritor, crítico literário, ensaísta e poeta. Protótipo da mente refinada do início do século XX, colecionador de citações, apreciador de arte, tradutor de Baudelaire e Proust, flanêur nas passagens de Paris. Combatente feroz da modernidade e, contraditório, moderno por excelência, Benjamin carregava a veia romântica, melancólica, crítica, nas leituras que fazia de diversos temas, entre a história da arte e o cinema, na “era da reprodutibilidade técnica”. Fracassado no amor, abandonado em ilusões, muito aquém do sucesso que alcançaria após a morte, Benjamin ainda teve o azar de ser judeu na Alemanha Nazista. Fugiu primeiro para Paris, percorrendo os boulevards e as passagens, mas também o azar o seguiu de perto. Também Paris cairia ante os Alemães. Agarrando-se às últimas esperanças, partiu para os Pirineus, tentando alcançar a fronteira espanhola e, depois dela, a liberdade. Quando chegou, a aduana estava fechada para fugitivos judeus como ele. Pessimista, desiludido, em profunda tristeza, trancou-se num hotel-pulgueiro qualquer e aplicou uma dose cavalar de Morfina, num suicídio indolor. Ironia da má sorte que o perseguiu, no dia seguinte a fronteira foi aberta e todos passaram.

 Matéria do Site Obviuos







AMOR X INDIVIDUALIDADE






sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

FRONTEIRAS DO PENSAMENTO



Fronteiras do Pensamento


AMOR LIQUIDO




Estamos cada vez mais aparelhados com iPhones, tablets, notebooks, tudo para disfarçar o antigo medo da solidão. O contato via rede social tomou o lugar de boa parte das pessoas, cuja marca principal é a ausência de comprometimento. Este texto tem como base a ideia de líquido, característica presente nas relações humanas atuais. Inspirado na obra "Amor Líquido" - sobre a fragilidade dos laços humanos, de Zigmunt Bauman. As relações se misturam e condensam com laços momentâneos, frágeis e volúveis. Em um mundo cada vez mais dinâmico, fluido e veloz, seja real ou virtual.



O sociólogo polonês Zygmunt Bauman é um dos intelectuais mais respeitados da atualidade. Aos 87 anos seus livros publicados venderam mais de 200 mil cópias. Um resultado e tanto para um teórico. Entre eles “Amor liquido” é talvez o livro mais popular de Bauman no Brasil. É neste livro que o autor expõe sua análise de maneira mais simples e próxima do cotidiano, analisando as relações amorosas e, algumas particularidades da “modernidade liquida”. Vivemos tempos líquidos, nada é feito para durar, tampouco sólido. Os relacionamentos escorrem das nossas mãos por entre os dedos feito água.
Bauman tenta nos mostrar nossa dificuldade de comunicação afetiva já que todos querem relacionar-se, mas chega na hora, não conseguem. Seja por medo ou insegurança. O autor ainda cita como exemplo um vaso de cristal na primeira queda, quebra. As relações terminam tão rápido quanto começam, as pessoas pensam terminar com um problema cortando seus vínculos, mas o que fazem mesmo é criar problemas em cima de problemas.
É um mundo de incertezas, cada um por si. Temos relacionamentos instáveis pois as relações humanas estão cada vez mais flexíveis. Acostumados com o mundo virtual e com a facilidade de “desconectar-se” as pessoas não conseguem manter um relacionamento de longo prazo. É um amor criado pela sociedade atual (modernidade líquida) para tirar-lhes a responsabilidade de relacionamentos sérios e duradouros. Pessoas estão sendo tratadas como bens de consumo ou seja, caso haja defeito descarta-se ou até mesmo troca-se por versões mais atualizadas.
O romantismo do amor parece estar fora de moda, o amor de verdade foi banalizado, diminuído a vários tipos de experiências vividas pelas pessoas na qual se referem a estas utilizando a palavra amor. Noites descompromissadas de sexo são chamadas “fazer amor”. Não existem mais responsabilidades de estar amando, a palavra amor é usada mesmo quando as pessoas nem sabem direito seu real significado.
Ainda para tentar explicar a relações amorosas em “Amor Líquido”, Zygmunt Bauman fala da “ Afinidade e Parentesco.” O parentesco seria o laço irredutível e inquebrável é aquilo que não nos dá escolha. A afinidade é ao contrário do parentesco, voluntária está é escolhida. Porém, e isso é importante, o objetivo da afinidade é ser como o parentesco. Entretanto, vivendo em uma sociedade de total “descartabilidade” até as afinidades estão se tornando raras.
Bauman fala também sobre o amor próprio. Afirma que as pessoas precisam se sentir amadas, ouvidas, amparadas ou saber que sentem sua falta. Segundo ele ser digno de amor é algo que só o outro pode nos classificar, o que fazemos é aceitar essa classificação. Mas com tantas incertezas, relações sem forma, líquidas, na qual o amor nos é negado como teremos amor próprio? Os amores e as relações humanas de hoje são todos instáveis e assim não temos certeza do que esperar. Relacionar-se é caminhar na neblina sem a certeza de nada. É uma descrição poética da situação.


"Para ser feliz há dois valores essenciais que são absolutamente indispensáveis [...] um é segurança e o outro é liberdade, você não consegue ser feliz e ter uma vida digna na ausência de um deles. Segurança sem liberdade é escravidão. Liberdade sem segurança é um completo caos. Você precisa dos dois. [...] Cada vez que você tem mais segurança você entrega um pouco da sua liberdade. Cada vez que você tem mais liberdade você entrega parte da segurança. Então, você ganha algo e você perde algo". Bauman








sábado, 3 de janeiro de 2015

INVEJA

 

A inveja dos homens mostra o quanto se sentem infelizes, e sua atenção constante às ações e omissões dos outros mostra o quanto se entediam.
Arthur Schopenhauer(1788-1860), filósofo alemão

A inveja é um sentimento humano quase inevitável. Apesar disso, é talvez aquele do qual mais as pessoas se envergonham e tratam de esconder.
A inveja tem a ver com a vaidade: prazer erótico que sentimos ao nos destacarmos, ao chamar a atenção e atrair os olhares dos que nos cercam.
Se estivermos diante de alguém que admiramos e que se destaca mais do que nós, a tendência é experimentarmos a dor que chamamos "humilhação".
Quando nos comparamos com outra pessoa e admiramos nela propriedades que chamam a atenção das pessoas e que gostaríamos possuir, a invejamos.
A inveja deriva da admiração: nos comparamos, nos sentimos por baixo, humilhados (ofendidos na vaidade) e desenvolvemos uma reação hostil.
Como invejar implica sentir-se por baixo, inferiorizado, quase sempre o invejoso evita manifestar claramente a intensidade do seu sentimento.

A regra é que a inveja se manifeste de forma sutil, sob a forma de alguma ironia ou brincadeira de mau gosto que deprecie o que é invejado.