

sexta-feira, 13 de junho de 2025
segunda-feira, 5 de junho de 2023
É preciso ter sempre preparadas essas duas disposições: uma, a de executar exclusivamente aquilo que a razão de tua faculdade real e legislativa te sugira para favorecer os homens; outra, a de mudar de atitude, caso apareça alguém que te corrija e que te faça desistir de alguma das tuas opiniões. Entretanto, é preciso que essa nova orientação tenha sempre sua origem em certa convicção de justiça ou de interesse à comunidade e as motivações devem ter exclusivamente tais características, não o que pareça agradável ou popular.
Marco Aurélio, Meditações, IV, 12.
segunda-feira, 29 de março de 2021
segunda-feira, 26 de outubro de 2020
terça-feira, 23 de julho de 2019
ANSIEDADE

Nos últimos anos, o paradigma evolucionário tem norteado o estudo dos atualmente chamados "transtornos de ansiedade". Para a Psiquiatria evolutiva, as raízes da ansiedade encontram-se nas reações de defesa dos animais em face de estímulos que representam perigo/ameaça à sobrevivência, ao bem-estar ou à integridade física das diferentes espécies. Muito embora Sigmund Freud, ao longo de sua obra, tenha demonstrado interesse pelas origens evolutivas da mente humana, suas contribuições nessa área têm, frequentemente, sido desprezadas, sob a alegação de que são baseadas em um mecanismo evolucionário ultrapassado: a transmissão hereditária dos caracteres adquiridos, de autoria atribuída a Lamarck. O objetivo do presente trabalho é investigar a influência exercida por Darwin sobre uma formulação teórica de Freud, o conceito de ansiedade como sinal. Procurar-se-á demonstrar que o conceito de ansiedade como sinal parte do pressuposto de que a ansiedade pode ser uma reação adaptativa a situações de perigo, apresentando semelhanças com o que foi formulado por Charles Darwin na obra "A expressão das emoções no homem e nos animais" (1872). Para Darwin, o valor adaptativo dessa emoção encontra-se no fato de a ansiedade ter uma função biológica a cumprir. Para Freud, a ansiedade é adaptativa não apenas por preparar o animal para lidar com o perigo por meio da mobilização de energia psíquica, mas também por auxiliar na detecção antecipada de novas ocorrências do estado de perigo. Tanto a transmissão hereditária dos caracteres adquiridos quanto outros mecanismos evolutivos hoje desacreditados, como a teoria da recapitulação, são mecanismos utilizados extensivamente tanto por Freud quanto por Darwin.
- Palavras-chave: Freud, Darwin, Lamarck, ansiedade, medo, evolução.
segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018
quarta-feira, 11 de outubro de 2017
LOUCURA
domingo, 22 de janeiro de 2017
REGRAS?
Filosofar é saber que não
precisamos comer lentilhas no réveillon e peru no Natal porque todos comem.
Filosofar é optar por sua cor favorita mesmo sabendo que outra cor está na
moda. Filosofar é saber que não precisamos aparentar 20 anos aos 30 ou aparentar
30 aos 40. Filosofar é saber que sempre somos crianças quando o assunto é amor.
Filosofar é saber que às vezes é preciso mandar ir à merda mesmo. Filosofar é
saber que nada na vida é realmente do jeito que nos ensinaram. Filosofar é
saber que o mundo não vai acabar porque não estamos usando o sapato da moda e
que um pouco de intelectualidade evitaria algumas faturas altas do cartão de
crédito.
Filosofar é saber que
felicidade nada tem a ver com cumprir metas. Cumprimos metas para substituir a
felicidade que não sentimos. Filosofar é apreciar uma instigante comida
conceito, mas saber que quando a fome bate para valer, um bom bife acebolado
pode ser a grande resposta. E que pão com ovo não é coisa de pobre. É coisa de
gente com apetite. Filosofar é saber que o amor é a grande solução para a vida,
que desconstrói todas as outras soluções.
Filosofar é tirar o
telefone do gancho para ligações inoportunas. Ser bom é diferente de ser
bonzinho. Filosofar é saber guardar o melhor do seu veneno para mentes
instigantes. Filosofar é usar um vestido preto em pleno verão. Não para
contrariar. Porque está com vontade de usá -lo. E não venham me dizer que
vestidos pretos de tecidos vaporosos são menos frescos do que colantes
shortinhos jeans.
Filosofar é saber desviar
do caminho trilhado pela boiada.
Obvious
sábado, 21 de janeiro de 2017
O QUE É O MUNDO?
Segundo Schopenhauer,
Para ele paciência, ilusão, fantasia. Essa é a verdade que se deve extrair da doutrina Kantiana, acreditava Schopenhauer.
Nós temos sonhos, não talvez toda a vida um sonho? Mais precisamente: existe um critério segundo para distinguir sonho e realidade, fantasmas e objetos reais?
A vontade de viver tem em si mesma o seu próprio fim.
Schopenhauer.
Para ele paciência, ilusão, fantasia. Essa é a verdade que se deve extrair da doutrina Kantiana, acreditava Schopenhauer.
Nós temos sonhos, não talvez toda a vida um sonho? Mais precisamente: existe um critério segundo para distinguir sonho e realidade, fantasmas e objetos reais?
A vontade de viver tem em si mesma o seu próprio fim.
Schopenhauer.
sexta-feira, 25 de novembro de 2016
sábado, 25 de junho de 2016
sábado, 28 de maio de 2016
quinta-feira, 26 de maio de 2016
AMOR GENUÍNO
Há tempos, muitos escrevem sobre o amor; tarefa difícil, pois sempre faltam palavras para expressá-lo. Mas onde e como começa tal sentimento?! Mantê-lo é possível?
Depois de cada voo, é em casa que estão nossos melhores amigos – nosso amor genuíno – esperando-nos.” Rita L.M.
Um mito, um mistério ou algo que incomoda por não conseguir entendê-lo: esse é o amor? Não há palavras para conceituar, descrever, relatar. Ele – o amor - nasce da simplicidade do olhar, do sorriso, do gesto. Só o percebe quando se aprende a valorizar as qualidades, a admirar as atitudes, a querer estar sempre perto, a sentir saudade de alguém.
É do amor que nascem outros sentimentos tão nobres quanto; afinidades imanentes. Por vezes arrebatador, por vezes doído (ou doido?), por vezes feliz, por vezes angustiante, e sempre indefinível. Misturas, antíteses, paradoxos. Alguns dizem que ele acaba, termina; outros, que não. Na verdade, ele só se transforma. Para o filósofo Heráclito de Éfeso, ninguém entra no mesmo rio uma segunda vez, pois quando isto acontece já não se é mais o mesmo; assim como as águas que já serão outras. Assim é o amor: os vários tipos, os vários jeitos, os vários momentos. Ninguém ama igual o tempo todo, mas ama; e ponto.
Tão abstrato ao senti-lo e tão concreto quando surge o risco e/ou a perda de alguém. O chão abre sob os pés, faz o coração bater descompassado, sufoca. É um querer sem ter como controlar ou ir contra, é uma fera que cresce para defender a cria, é uma força que salta às entranhas, é um trocar de lugar só para a pessoa amada não sofrer, é o coração batendo literalmente em outra morada.
Mas quando se sabe que o amor está ali – à disposição - , esquece-o num canto qualquer do lar. Sim, a maior manifestação de amor se dá entre os familiares; pessoas que convivem diariamente sob o mesmo teto, dividindo as mesmas dificuldades, tristezas, angustias, conquistas, vidas. O que era o seu orgulho, a sua admiração, a sua maior preciosidade, agora o é de outrem. É bastante comum as pessoas rebaterem frases como: “ Nossa, seu filho é um menino de ouro” com “Fique com ele algumas horas para ver se achará isso mesmo”. Ou: “Sua mulher é muito carinhosa, prestativa demais” com “Quer para você? Não aceitarei devolução”. E ainda: “Seu marido parece ser tão bom, que sorte a sua” com “Sorte? É porque você não vive com ele”.
O amor foi dar uma voltinha logo ali, ou a certeza – autoconfiança - de que ele não irá embora é tão grande que o deixa assim, sem o aparente amor? Já disse algum poeta em algum lugar que o amor é como uma flor, precisa de cuidados; cultiva-se. Senão vem alguém, pega a plantinha já sem vida jogada no canto, remove a terra, rega e terá o mais belo perfume e imagem.
O amor genuíno é o familiar: “Sim, meu filho é minha maior riqueza” – não importa as rebeldias dele, pois tudo é fase; “ Minha mulher é muito mais que isso que você está vendo, foi por esse e tantos outros detalhes que eu a escolhi” – lembre-se: você também é insuportável por várias vezes, ranzinza; “ Parece bom, não, meu marido é o melhor homem desse mundo!” – você o escolheu, lembra?!
É , querer dizer o amor em palavras é algo realmente impossível, porém a maior busca deve se ater ao despertar diário desse único – talvez o maior de todos – sentimento. Quando o amor começa na própria vida e se estende as outras que foram escolhidas para dividir os melhores e piores momentos, tudo passa a fazer mais sentido e se conquista a nobreza de se viver com leveza.
O amor é libertário. Não é exigente nem tão pouco perfeito; logo, não o seja também. Como disse João Guimarães Rosa, “...o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam, verdade maior. É o que a vida me ensinou.”
O amor muda ao passo que as pessoas mudam. Se elas mudam cultivando sabores, jamais colherão dores.
obvious
segunda-feira, 23 de novembro de 2015
SUICÍDIO CRESCE NO BRASIL
Aumenta
o número de brasileiros, sobretudo jovens, que tiram a própria vida. No Brasil,
nos últimos anos, as mortes por suicídio de pessoas entre 15 e 24 anos
cresceram 1.900%.
Temos
um problema sério pela frente: no Brasil, em 20 anos, o número de mortes por
suicídio cresceu 1.900% na faixa etária de 15 a 24 anos. Com tal incidência,
representa a terceira principal causa de morte de pessoas em plena vida
produtiva. As consequências atingem também a família. Pesquisas mostram que
cada morte afeta profundamente e por tempo prolongado pelo menos cinco pessoas.
As
estatísticas revelam a extensão de um problema que merece a nossa reflexão. Nos
últimos 40 anos, as taxas de mortalidade mundial por suicídio subiram cerca de
60%. Nada menos do que um milhão de pessoas morrem por ano por essa causa, uma
morte a cada 40 segundos, praticamente todas elas em consequência de depressão
ou de algum transtorno mental.
Estimativas
da Organização Mundial de Saúde (OMS) sinalizam que haverá mais de 1,5 milhão
de vidas perdidas por esse motivo em 2020, representando 2,4% de todas as
mortes. A OMS também registrou que permanece a tendência de crescimento das
mortes entre os jovens, especialmente nos países em desenvolvimento.
Diante
da gravidade do assunto, o tema há alguns anos passou a integrar as políticas
de saúde pública em diversas partes do mundo. Com a criação de programas de
prevenção, países como os Estados Unidos já estão conseguindo reduzir o número
de casos. “Isso mostra que a melhor conduta é criar redes de proteção para dar
o suporte necessário às pessoas em risco e suas famílias”, opina Humberto
Corrêa, psiquiatra e chefe do Departamento de Saúde Mental da Universidade
Federal de Minas Gerais.
Em
2006, o governo brasileiro formou um grupo de estudos para traçar as diretrizes
de um plano nacional de prevenção do suicídio, que deve ficar pronto este ano.
A promessa é incluir verbas no orçamento de 2008 para colocar essas ideias em
prática. “O que existe hoje é apenas uma cartilha destinada a profissionais da
saúde”, comenta o psiquiatra.
Reduzir
as taxas de suicídio é um desafio coletivo. A sociedade precisa romper com os
tabus e se engajar nessa batalha. Apesar de não serem raras as famílias em que
alguém não tentou ou morreu, pouco se fala do assunto. A mídia, um poderoso
instrumento de educação e conscientização, também se omite sobre essa questão
“desgostosa”. “Mas a nossa resposta não pode ser o silêncio. Nossas chances de
chegar às pessoas que precisam de ajuda dependem da visibilidade”, prossegue o
médico.
Quem
pensa em se matar deve saber que mais gente pensa sobre isso e pode ajudar. No
final de junho, entre os dias 28 e 30, 80 conferencistas de 16 países se
reuniram em Belo Horizonte (MG) para trocar as suas experiências sobre o
assunto durante o II Congresso Latino-americano de Suicidologia. “Uma das
nossas tarefas é convencer donas de casa, pais, educadores, jornalistas,
publicitários, líderes comunitários e de opinião de que o debate sobre o
suicídio não é uma questão moral ou religiosa, mas um assunto de saúde pública
e que pode ser prevenido. Aceitar essa ideia é o primeiro passo para poupar
milhares de vidas”, conclui Humberto Corrêa, que presidiu o evento.
Dicas
Úteis:
Leve
a sério quando alguém ou um parente diz que a vida não vale a pena e se mostra
deprimido. Por baixo disso pode estar a intenção de interromper a vida.
Estudos
em diversas regiões do planeta mostram que quase todos os indivíduos que se
suicidaram estavam padecendo de um transtorno mental.
A
Inglaterra conseguiu reduzir o número de mortes por suicídio com um amplo programa
de tratamento de depressão.
No
Rio de Janeiro há um serviço especializado para quem perdeu pessoas próximas
por suicídio, o Projeto Conviver. Outro começará a funcionar em Belo Horizonte,
em Minas Gerais, este mês.
quarta-feira, 2 de setembro de 2015
AMOR NÃO É APEGO, NEM SOFRÊNCIA
A questão é simples e
complexa, segundo os budistas: amor de verdade não dói. Ele inunda o coração e
se basta sozinho. Já o apego traz sofrimento, porque guarda dentro de si o medo
da perda. Da rejeição. De "ficar sem a pessoa", de "ficar sozinho".
O amor não pode ter medo de perder porque não perde nunca – ele existe
indiferente da reciprocidade. Existe em si mesmo.
Desde pequenos fomos
ensinados a pensar em amor e apego como quase sinônimos, e a encarar com alguma
benevolência um ciúme "saudável", ou o medo de perder o amado (a)
como prova de que realmente o que se sente é amor. Séculos de literatura, arte
e poesia na nossa sociedade ocidental nos moldaram a pensar assim – isso desde
as dores do amor romântico do jovem Werther, passando por Lady Gaga, até os cantores atuais da sofrência. Os
budistas lidam melhor com a questão – recomendo palestras do Dalai Lama e da
monja Jetsunma Tenzin Palmo sobre o tema. Fácil de achar no you tube.
Sou claro, eu, como a
maior parte dos mortais, compreendo racionalmente a diferença entre os dois
sentimentos – mas daí a separar apego e amor dentro do coração é outros
quinhentos. Lembro-me de ouvir palestras e ler sobre o assunto e literalmente
passar por cima dele – afinal, eu entendia a ideia, mas não via como colocar em
prática. Era abstrato demais. Algo que só pessoas muito evoluídas
espiritualmente ou com décadas de análise talvez pudessem sentir. Mas não. Um
dia aconteceu. E foi num sonho.
Parênteses: Alguns dos
nossos melhores insights vêm nos sonhos – não levante correndo para engolir um
café e correr para o escritório. Tire pelo menos uns 5 minutos para ouvir o que
o seu mundo interno tem a dizer quando você dorme e a consciência relaxa.
Anos depois de um
término, sonho que recebo uma carta. Uma embalagem com carimbo e selo de algum
país distante. Abro o pacote e encontro um casaco cinzento e antigo, com
bandeirinhas, selos e brasões de vitórias passadas. Dentro, uma foto minha. E
um poema, numa letra e língua que não consigo entender.
No sonho, vestida com
aquele casaco de tantas guerras, percebia que era eu quem ele buscava. A pérola
invisível, escondida no conteúdo translúcido da concha. E que ele, debaixo de
tantos brasões e realizações, de tantas máscaras a que a vida nos obriga a usar
para vencer no mundo, também era. The real deal. O czar medroso, generoso e
puro que se esconde por trás da armadura, para não doer mais. É, mas não sabe.
Nem quer saber. Quando irá acordar, meu deus?
Nunca – diz meu
coração. E de repente me sinto aliviada, sem aquele peso. Porque não preciso de
mais nada. O que sinto é suficiente – e enorme o bastante para me fazer querer
viver muito mais. Ainda no sonho, passo por aquela rua, aquela casa. Fecho as
janelas do táxi, fecho os olhos. Deixo ir.
Estou na praia,
sozinha. Observo as ondas à noite e contenho meu desejo de me fundir ao céu e
mar noturno. Entre os dedos seguro uma, duas, três conchas – as mais bonitas
depois da ressaca. Com cada uma delas pesando suave na mão, espero pelo dia em
que possa entregar a dele – o amuleto que o protegeria do mundo cão em que ele
(sobre)vive. Esse dia não vai chegar, olho para o mar e sei. Mas isso não muda
nada. Nem me faz querer nada que não seja pura oferta da vida, do mar. Do
mundo.
Querer, querer. Só
queremos. Queremos ter tudo – e vivemos presos no medo de perder o que
"conquistamos". Escuto as ondas indo e vindo e me sinto livre – ainda
estou inteira. Cada vez mais. Nossas memórias passam pelo espelho das águas
como flashes, mas não trazem saudade – o tempo-espaço é acessível a qualquer
fechar de olhos. A cada onda que se quebra no horizonte.
Os budistas dizem que o
todo sofrimento vem do desejo (não sou budista e ainda não atingi o nirvana
para interpretar corretamente essa frase), e que o caminho para sair da prisão
do apego e da dor é deixar ir. Aprender a se bastar. E ficar genuinamente feliz
com o crescimento do outro – mesmo que ele tenha escolhido viver longe de você.
Fácil falar, não é? Mas
eu juro que num segundo, dentro de um sonho, foi fácil – e a partir daí foi
ficando cada vez mais natural.
Porque amor de verdade
não precisa do outro. Afinal, o outro está sempre contido dentro do amor. Não
como um fantasma – mas como uma constância que faz nosso coração bater mais
rápido em cada respirar de maresia, em cada linha de um poema. E não, não dói.
A felicidade do outro passa a ser sua também, porque é impossível sentir algo
que te completa e expande tanto e ser mesquinho, querendo aprisionar o que só
existe quando há entrega – e para haver entrega é preciso haver liberdade.
Amor de verdade é
gratuito e autossuficiente, eterno no tempo como uma onda sonora que se propaga
infinita, repercutindo no espaço. No espaço, em algum lugar, nós. Lembra?
Não, você não lembra.
Mas não faz mal. Eu lembro por nós dois.
Obvious
quinta-feira, 20 de agosto de 2015
SOLIDÃO À DOIS
Com
sorrisos cada vez mais raros e sem poder de contagiar; com impaciência ao invés
de brincadeiras e um torturante silêncio onde deveriam existir palavras e
palavras, cada vez mais pessoas vivenciam a solidão a dois, termo que ouvi pela
primeira vez na voz de Cazuza, em “Eu queria ter uma bomba”, música do Barão
Vermelho.
São
olhares vazios, pensamentos dispersos e uma sensação enorme de “tanto faz”. Na
mesa do restaurante, o casal insiste em prestar atenção exclusivamente às telas
de seus celulares; enquanto caminham, nenhuma palavra sai de seus lábios, e na
despedida um beijo frio. No sexo, por não exigir diálogo, as coisas fluem um
pouco melhor. Mas ainda assim é insuficiente.
O
relacionamento, contudo, é mantido. Talvez por conveniência ou talvez porque
essa realidade basta. Existem pessoas que se contentam com o básico e outras
que temem a solidão mais do que qualquer outra coisa. Elas não percebem, porém,
que estão sozinhas, apesar de terem uma companhia.
Parece
contraditório, mas não é. Soa como se as pessoas, com medo da solidão,
resolvessem ficar sozinhas juntas. Assim é formada uma multidão de almas
vazias, de corações partidos e mentes desencontradas.
Elas
se sentem perdidas da mesma forma. Estão a sós com seus pensamentos, embora
segurem uma mão. Sonham acordadas, mas preferem não falar sobre isso. Passam
horas tentando saber porque aquelas pessoas malucas escrevem poemas e canções.
Ficam
inconformadas por aqueles que dizem que até o céu muda de cor quando estão
amando. "Porra, o céu é azul. Sempre foi e sempre será", concluem.
Mas é mentira. O céu é da cor que querem aqueles que não sentem uma solidão
esmagadora, estejam acompanhados ou não.
E
assim assistimos relacionamentos começando e terminando dia após dia. Não
haveria problema nenhum nisso, afinal, nossa existência é efêmera, e somos
feitos de dúvidas e erros. O problema é assistir o seu relacionamento começar e
acabar e ainda assim não aprender nada de valioso com ele. E sabe por que não?
Porque vocês não estavam juntos. Apenas estavam sozinhos no mesmo lugar.
Obviuos
quarta-feira, 22 de julho de 2015
terça-feira, 14 de julho de 2015
Só Chegamos a Ser uma Parte Mínima do que Poderíamos Ser

Toda a vida é achar-se
dentro da «circunstância» ou mundo. Porque este é o sentido originário da ideia
(mundo). Mundo é o repertório das nossas possibilidades vitais. Não é, pois,
algo à parte e alheio à nossa vida, mas que é a sua autêntica periferia.
Representa o que podemos ser; portanto, a nossa potencialidade vital. Esta tem
de se concretizar para se realizar, ou, dito de outra maneira, chegamos a ser
só uma parte mínima do que poderíamos ser. Daí que nos parece o mundo uma coisa
tão enorme, e nós, dentro dele, uma coisa tão pequena. O mundo ou a nossa vida
possível é sempre mais que o nosso destino ou vida efetiva.
Ortega y Gasset,
'A
Rebelião das Massas'
sexta-feira, 3 de julho de 2015
A ARTE DE SABER DIZER ADEUS.
Às vezes, tudo que
precisamos é saber dizer adeus. A vida se resume basicamente em deixar ir. É impossível
seguir em frente com cargas desnecessárias, com bagagens que não nos pertencem.
Já temos as que nos bastam, então para que o peso morto? É preciso esquecer os
velhos caminhos, os velhos pensamentos, e às vezes, infelizmente, as velhas
pessoas.
Não me entendam mal,
canso de dizer que somos um conjunto das pessoas que tocamos e fomos tocados,
mas ninguém é insubstituível. Absolutamente ninguém. A gente vai vivendo e
aprendendo que algumas pessoas, inevitavelmente, se vão. E não há nada que
possamos fazer para de alguma forma as trazer de volta. E não falo sobre ir
como um eufemismo para morte, falo de ir ao sentido de elas continuarem com
suas vidas, e às vezes, conosco não mais fazendo parte da mesma.
Tentar traze-las de
volta é tão inútil quanto tentar usar uma roupa que não nos serve mais, que
ficou pra trás, junto com o tempo em que pesávamos 5 kg a menos. Não combina,
não serve, falta algo. É tentar encaixar algo em um lugar o qual não pertence,
e esperar um grande resultado. E tudo que acabamos recebendo no fim são
decepções procedentes das expectativas criadas. Existem situações, e situações,
mas uma vez que algo foi embora, que a vida seguiu seu curso, não volte para
trás. É certo que se deve ter a sabedoria necessária para saber diferenciar o não
é a hora com o nunca será a hora. Mas uma vez que algo se perde com tanta
força, acredito não ser passível de retorno.
É tão necessário saber
a hora de soltar a linha, de seguir, de deixar para trás tudo que te prende e
te entristece. Tudo que pesa na sua vida e nas suas costas. Desejo aprender dia
após dia a arte de deixar ir. Pois como eu disse há pouco, algumas coisas não
retornam. E desejo mesmo que não retornem. Quero o novo, o desconhecido. Não
quero algo que me leve aos mesmos caminhos de outrora. Caminhos difíceis,
caminhos incertos. Eu quero o que é novo, mas o que é concreto. Chega de
esperar retornos, chega de esperar confissões que não existem, chega de esperar
que as coisas voltem a ser como foram um dia. Por que daqui a um minuto, nada mais
é como já foi antes. E isso, isso é irremediável.
Será?
Obvious.
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