Aumenta
o número de brasileiros, sobretudo jovens, que tiram a própria vida. No Brasil,
nos últimos anos, as mortes por suicídio de pessoas entre 15 e 24 anos
cresceram 1.900%.
Temos
um problema sério pela frente: no Brasil, em 20 anos, o número de mortes por
suicídio cresceu 1.900% na faixa etária de 15 a 24 anos. Com tal incidência,
representa a terceira principal causa de morte de pessoas em plena vida
produtiva. As consequências atingem também a família. Pesquisas mostram que
cada morte afeta profundamente e por tempo prolongado pelo menos cinco pessoas.
As
estatísticas revelam a extensão de um problema que merece a nossa reflexão. Nos
últimos 40 anos, as taxas de mortalidade mundial por suicídio subiram cerca de
60%. Nada menos do que um milhão de pessoas morrem por ano por essa causa, uma
morte a cada 40 segundos, praticamente todas elas em consequência de depressão
ou de algum transtorno mental.
Estimativas
da Organização Mundial de Saúde (OMS) sinalizam que haverá mais de 1,5 milhão
de vidas perdidas por esse motivo em 2020, representando 2,4% de todas as
mortes. A OMS também registrou que permanece a tendência de crescimento das
mortes entre os jovens, especialmente nos países em desenvolvimento.
Diante
da gravidade do assunto, o tema há alguns anos passou a integrar as políticas
de saúde pública em diversas partes do mundo. Com a criação de programas de
prevenção, países como os Estados Unidos já estão conseguindo reduzir o número
de casos. “Isso mostra que a melhor conduta é criar redes de proteção para dar
o suporte necessário às pessoas em risco e suas famílias”, opina Humberto
Corrêa, psiquiatra e chefe do Departamento de Saúde Mental da Universidade
Federal de Minas Gerais.
Em
2006, o governo brasileiro formou um grupo de estudos para traçar as diretrizes
de um plano nacional de prevenção do suicídio, que deve ficar pronto este ano.
A promessa é incluir verbas no orçamento de 2008 para colocar essas ideias em
prática. “O que existe hoje é apenas uma cartilha destinada a profissionais da
saúde”, comenta o psiquiatra.
Reduzir
as taxas de suicídio é um desafio coletivo. A sociedade precisa romper com os
tabus e se engajar nessa batalha. Apesar de não serem raras as famílias em que
alguém não tentou ou morreu, pouco se fala do assunto. A mídia, um poderoso
instrumento de educação e conscientização, também se omite sobre essa questão
“desgostosa”. “Mas a nossa resposta não pode ser o silêncio. Nossas chances de
chegar às pessoas que precisam de ajuda dependem da visibilidade”, prossegue o
médico.
Quem
pensa em se matar deve saber que mais gente pensa sobre isso e pode ajudar. No
final de junho, entre os dias 28 e 30, 80 conferencistas de 16 países se
reuniram em Belo Horizonte (MG) para trocar as suas experiências sobre o
assunto durante o II Congresso Latino-americano de Suicidologia. “Uma das
nossas tarefas é convencer donas de casa, pais, educadores, jornalistas,
publicitários, líderes comunitários e de opinião de que o debate sobre o
suicídio não é uma questão moral ou religiosa, mas um assunto de saúde pública
e que pode ser prevenido. Aceitar essa ideia é o primeiro passo para poupar
milhares de vidas”, conclui Humberto Corrêa, que presidiu o evento.
Dicas
Úteis:
Leve
a sério quando alguém ou um parente diz que a vida não vale a pena e se mostra
deprimido. Por baixo disso pode estar a intenção de interromper a vida.
Estudos
em diversas regiões do planeta mostram que quase todos os indivíduos que se
suicidaram estavam padecendo de um transtorno mental.
A
Inglaterra conseguiu reduzir o número de mortes por suicídio com um amplo programa
de tratamento de depressão.
No
Rio de Janeiro há um serviço especializado para quem perdeu pessoas próximas
por suicídio, o Projeto Conviver. Outro começará a funcionar em Belo Horizonte,
em Minas Gerais, este mês.
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