Friedrich
Nietzsche relaciona as ilusões com a cultura?
O
Nascimento da Tragédia, do filósofo, traz a passagem que segue sobre o assunto.
É
um fenômeno eterno: a ávida vontade vai sempre encontrar um meio de fixar as
suas criaturas na vida através de uma ilusão espalhada sobre as coisas,
forçando-as a continuar a viver. Este vê-se amarrado pelo prazer socrático do
conhecimento e pela ilusão de poder, através do mesmo, curar a eterna ferida da
existência; aquele vê-se envolvido pelo véu sedutor da arte ondeando diante dos
seus olhos; aquele, por seu turno, pela consolação metafísica de que sob o
remoinho dos fenômenos continua a fluir, imperturbável, a vida eterna: para não
falar das ilusões mais comuns, e talvez mais vigorosas, que a vontade tem
preparadas em qualquer instante.
Aqueles
três níveis de ilusão destinam-se apenas às naturezas mais nobremente
apetrechadas, nas quais a carga e o peso da existência são em geral sentidos
com um desagrado mais profundo e que podem ser ilusoriamente desviadas desse
desagrado através de estimulantes selecionados. É nestes estimulantes que
consiste tudo o que chamamos cultura.
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